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Melissa Vogel

Mini Bio

Melissa Vogel é formada em Rádio e TV pela Universidade São Paulo, possui mestrado em Comunicação de Mercado pela ESPM, Administração pela Fundação Getúlio Vargas e participou do Advanced Management Program pela IESE Business School de Barcelona. Também lecionou Inteligência de Mercado na ESPM. É conselheira consultiva do Conselho Nacional Auto Regulamentação Publicitária - CONAR e da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa – ABEP. Antes de assumir a posição de CEO na Kantar IBOPE Media no Brasil, trabalhou como Diretora Global de Agências da Kantar Media, Diretora Executiva de Multimídia e Country Manager no Panamá.

Redes sociais e contato

melissa.vogel@kantaribopemedia.com

Pelas linhas de códigos de dados e dos algoritmos, nas quais o futuro está sendo escrito, qual será o papel das mulheres na tecnologia?

A tecnologia e suas incríveis ferramentas e usabilidades tomaram conta do nosso cotidiano. Mesmo antes, porém exacerbadas pela pandemia, é impossível, hoje, não estar em contato com algum aplicativo, rede social ou qualquer processo digital e de inteligência artificial, desde primeira hora do dia até o anoitecer e além, no caso de apps que monitoram as atividades do corpo ao dormir.

Fato também é que a cada 10 internautas, 7 admitem estarem perdidos quando não conseguem acessar à Internet, segundo dados do estudo TG.net. Ao mesmo tempo, mais de 58% das pessoas confirmam que a qualidade do contato humano foi melhorada com a tecnologia, de acordo com dados do Target Group Index.

O volume de mulheres e homens conectados e executando atividades online são similares e equilibrados. Apenas para citar alguns exemplos: aproximadamente 92% de cada um destes grupos acessam à Internet, e 88% assistem a vídeos online em um período de 7 dias.  

Será que então, entre homens e mulheres, o que muda é a forma como se relacionam com a tecnologia? O TG.Net indica que 80% das mulheres acham que a utilização da Internet pode ser viciante, contra 75% dos homens. As internautas também usam mais as redes sociais para descobrir sobre as últimas notícias e eventos com 77%, ante 71% dos homens. E 84% delas recorrem à Internet como o primeiro lugar para procurar informação, no caso deles são 78%.

Aprofundando um pouco mais a pesquisa sobre a relação das mulheres com a tecnologia, quando questionadas a respeito dos temas de interesse quando conectadas ou consumindo mídia, apenas 20% apontam que conteúdos de tecnologia chamam a atenção. Entre uma lista de 15 opções, o tema se posiciona como o penúltimo.  Já dentro do universo masculino, o assunto tem muito mais destaque, com relevância para 40% dos entrevistados, ficando atrás de esportes, notícias, humor, estudos acadêmicos/educação, política e automóveis. 

Uma das conclusões que esses dados indicam é que, apesar de conectadas e aproveitarem dos benefícios, para a maioria das mulheres os assuntos relacionados à tecnologia não são atrativos; falta estímulo pelo tema.  

Este retrato tem reflexo no mercado de trabalho. Em 2020, o Brasil tinha 867 mil pessoas atuando no setor de tecnologia. Desses, quase dois terços (63%) eram homens. A fatia de mercado para as mulheres era apenas de 37% dos empregos na área.

Esta dissonância também pode ser percebida no âmbito da produção acadêmica. Pesquisadores do Instituto Allen avaliaram mais de 2.8 milhões de artigos científicos relacionados à Ciência da Computação, ao longo dos últimos 50 anos, em todo o mundo. A descoberta é chocante: somente 27% dos estudos foram publicados por mulheres. Isso significa que a paridade de gênero neste assunto seria alcançada apenas em 2137, ou seja, daqui a 115 anos

Todos esses números indicam uma necessidade iminente de incentivar, cada vez mais cedo e com maior agilidade, mulheres de todas as idades que possuem o desejo de participar dos ambientes de tecnologia. Isso traz ainda mais urgência para que empresas assinem e efetivem acordos de paridade de gênero, contratando profissionais iniciantes no mercado e treinando-as para que assumam posições de liderança no futuro.

A justificativa da necessidade de prontidão para a inclusão ganha força, pois a tecnologia começa a ganhar adesão entre os públicos mais jovens. Entre as mulheres da Geração Z, mesmo ainda menos atrativo que entre os homens, a tecnologia tem evidência, conquistando a preferência de 27% delas à frente de conteúdos relacionados à Política, Turismo, Meio Ambiente, Finanças e Automóveis. 

Assim, dentro deste contexto, à medida que começam a ser estimuladas para aprender e experimentar mais neste território, estão dispostas a desbravá-lo de maneira mais abrangente e, por consequência, sentem-se mais confortáveis na sua capacidade de referenciar o assunto. Entre as jovens da Geração Z, 34% dizem que amigos frequentemente pedem sua opinião quando vão comprar equipamentos eletrônicos e 63% se dizem sempre preocupadas em manter-se atualizadas com as inovações tecnológicas. 

As atividades que promovem a inclusão das mulheres no setor de tecnologia estão evoluindo, no sentido de auxiliar a participação feminina nos códigos de dados que ajudarão a traçar o futuro. 

Confira outra coluna de Melissa Vogel: Protagonismo invisível da força do trabalho feminino para os negócios e a sociedade