Mulheres ainda representam menos de 40% da força de trabalho global
As mulheres representam menos de 40% da força de trabalho global e a participação feminina está diminuindo em nações de crescimento mais rápido e de baixa renda. É o que aponta levantamento feito pela consultoria Bain & Company com mais de 20 mil trabalhadores de países como Brasil, Estados Unidos, Alemanha, França e Itália, dentre outros.
“O principal objetivo ao reunir essas informações foi mapear as motivações de mulheres e homens no trabalho, o que os leva a ficar ou deixar uma empresa e entender o que consideram um bom emprego”, explica Luciana Batista, sócia da Bain & Company no Brasil em entrevista ao Valor Econômico.
Apesar de homens e mulheres terem motivações semelhantes no trabalho, o estudo mostra que ainda há desequilíbrios significativos entre os gêneros na força de trabalho. São eles:
A escolha da profissão ainda segue estereotipada. Apesar de enraizada nas expectativas da primeira infância, ela ainda apresenta dominância masculina nos cargos de engenharia e computação, ao passo que profissões com foco no cuidado, como educação e saúde, são preferidas pelas mulheres. A diferença, inclusive, está crescendo: as graduandas em bacharel em ciência da computação passaram de 33% em 1980 para 21% em 2018 nos EUA, e a situação é semelhante em todo o mundo.
A flexibilidade tem importância maior para as mulheres. Mesmo que as pessoas entrevistadas citem a flexibilidade como um interesse comum no início de suas carreiras independentemente de gênero, à medida que envelhecem, esse modelo de trabalho passa a ganhar mais importância entre as mulheres e diminui para os homens.
Vieses inconscientes nos locais de trabalho. Diversas empresas apresentam estruturas e comportamentos onde o preconceito está enraizado. Isso leva a um tratamento diferenciado para as colaboradoras, que muitas vezes acabam por assumir apenas trabalhos administrativos ou não têm visibilidade para promoções e projetos estratégicos.
O estudo ainda recomenda cinco sugestões para reduzir a desigualdade de gêneros no mercado corporativo. Confira!
- Desconfiar das estatísticas: nenhum grupo é igual e é importante que as empresas reconheçam que vários fatores compõem a experiência de vida de cada um.
- Combater ativamente o preconceito de gênero: as empresas podem desafiar ativamente essa situação ao incorporar esforços concretos, a começar por ações internas.
- Promover a inclusão: menos de 30% das mulheres e dos homens se sentem totalmente incluídos no trabalho. Como as pessoas que se sentem excluídas são mais propensas a pedirem demissão, a inclusão é fundamental para atrair e reter talentos.
- Apoiar a flexibilidade: a pandemia mostrou que o home office não diminui a produtividade, e que vale a pena mantê-lo como opção. O tratamento equitativo das equipes, independentemente do modelo de trabalho, é fundamental para o sucesso. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 60% de colaboradores não querem voltar ao escritório em tempo integral.
- Criar programas de reinserção no mercado de trabalho: cerca de 90% das mulheres querem voltar ao mercado de trabalho, mas apenas 40% delas realmente conseguem. Quase três quartos das executivas que tentam retornar após uma licença voluntária têm dificuldade em encontrar um emprego. Os programas certos podem atingir esse público e atrair talentos.
“Não é fácil mudar preconceitos e questões culturais, mas os empregadores devem se movimentar para ampliar a participação feminina nos quadros. Além de ações para combater ativamente o preconceito, podem promover a inclusão ao oferecer benefícios que fazem a diferença para as executivas, como flexibilidade e possibilidade de aprendizado, itens entre os mais valorizados pelas brasileiras que participaram da pesquisa”, afirma Luciana Batista.
Para conferir o estudo na íntegra, acesse https://bit.ly/3gjXbec.
Com informações do Valor Econômico.