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O que é paternidade ativa e como empresas podem colaborar

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Foto de um homem ajoelhado ao lado de uma criança em pé. Ele apoia uma das mãos na criança e olha para a mesma direção que ela. Foto: Creative Commons CC0.

Cada vez mais há pais que querem estar ao lado dos filhos, acompanhando e colaborando ativamente na criação deles. Eles não falam sobre isso, mas os números comprovam.

Segundo a pesquisa “Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero”, iniciativa da ONU Mulheres e do Papo de Homem, 8 em cada 10 pais querem passar mais tempo com seus filhos, mostrando que o modelo de pai que só vê e brinca com os filhos no fim de semana traz sinais de esgotamento. Com isso, há muitas dúvidas de como fazer com que a expressão “paternidade ativa” aconteça no dia a dia e também como as empresas podem colaborar para esse movimento.

Victor Farat, um dos idealizadores do Bebegrafia, conta que o termo ‘ativo’ – de paternidade ativa – é um chamado para que os pais sejam cuidadores também em parceria com as mães. A participação das empresas é relevante nesse momento. “O mundo mudou e pede um novo modelo de masculinidade e, consequentemente, de paternidade. Estamos nessa transição de fases e o apoio das organizações é fundamental para a integridade desse processo. Os homens não podem ser ou agir de forma diferente dentro e fora das empresas. Somos um só”, diz ele.

Segundo Victor, as empresas que conseguem ver isso se fortalecem pelo potencial gerado da integridade desses colaboradores e principalmente pelo reconhecimento social de seu novo modelo. “É importante valorizar o exercício de uma paternidade presente, amorosa e atenta e também divulgar esse comportamento para o maior número de pessoas. O apoio de organizações catalisa o processo de transformação individual e coletiva. Esse ‘novo homem’ precisa de muita legitimação social para que um dia ele deixe de ser novo e passe a ser comum”, complementa.

Para Rodrigo Bueno, também idealizador do Bebegrafia, os homens estão sentindo o peso de um modelo que já não faz mais sentido e o novo modelo também não vem pronto. “Todo o processo é doloroso para todos os envolvidos, mas o ser humano é craque em se adaptar. Com certeza, homens e mulheres estão preparados para esse novo modelo de paternidade tão favorável à vida”, conta.

Mas o que é paternidade ativa?

No vídeo “4 níveis da paternidade ativa – o que são e como praticar”, do Cabify e Papo de Homem, Farat conta que a paternidade ativa é um movimento que encerra um ciclo, em que o homem que era apenas o provedor passa a ser também cuidador – tal como a mulher que também passa a ser provedora e cuidadora.

O “Guia da Paternidade Ativa para pais”, publicação em espanhol da Unicef e outras três instituições, traz diversas dicas práticas para que o pai seja ativo. Entre elas: ter uma relação afetuosa e incondicional com o filho; participar dos cuidados diários e da criação do seu filho dando comida, ajudando-o a se vestir, colocando-o para dormir e ensinando-o; manter uma relação que vá além do provimento financeiro.

O papel das empresas na transformação

Apesar de não existirem fórmulas prontas para a paternidade ativa, há algumas ações que empresas e especialistas apontam. “Sentimos que o maior preparo é o acolhimento. Quando o homem perde os valores antigos e não tem onde se agarrar, o melhor a ser feito é não excluí-lo. O processo precisa ser feito por meio de inspiração, compartilhamento de histórias de novo modelo, erros e acertos de pais e homens reais. Precisamos incluir as mulheres nas conversas e ouvi-las. Tudo o que precisa ser feito é amar”, diz Rodrigo.

Bueno destaca o papel das empresas nessa transformação. “É preciso que elas valorizem o comprometimento do homem com seus filhos, concedendo licença-paternidade entre outros benefícios dados exclusivamente às mães. Além disso, ações de treinamento de RH sobre paternidade, como rodas de conversa e palestras sobre o papel de pai e da mãe; fazer disso uma política da empresa. Incluir o homem em toda sua vulnerabilidade de cuidador de uma criança, assim como gerar igualdade de privilégios e concessões às mães”, conta.

Nessa direção, a Avon, associada do Movimento Mulher 360, tem realizado uma série de eventos e discussões, interna e externamente, para trazer o homem para a conversa. Desde 2015, a empresa é membro do Comitê Nacional responsável por impulsionar o movimento HeForShe e, como membro, ela tem a missão de, continuamente, investir em ações que ajudem a engajar homens e mulheres no alcance da equidade de gênero.

Uma das ações realizadas pela organização foi o workshop sobre paternidade ativa. “O espaço de confiança criado pela iniciativa propiciou discussões e reflexões profundas sobre o papel do homem em um momento crucial da vida da família: a chegada de um novo membro. Os depoimentos dos participantes nos fazem acreditar que pequenas mudanças foram criadas a partir daquele momento. A Rede pela Diversidade – grupo de funcionários voluntários que tem como missão promover a cultura da diversidade na Avon – tem um plano de ação estruturado para continuar investindo na produção de conteúdo e de discussões que nos aproximem cada vez mais de um mundo 50-50.”, afirma Ana Costa, Vice Presidente Jurídica e de Relações Governamentais e Líder da Rede pela Diversidade da Avon.

Caminhos e desafios para a paternidade ativa

Há diversos desafios para a paternidade ativa acontecer. “O principal deles é enfrentar o senso comum e mexer no sistema de crenças, revendo o que se aprendeu em casa. Driblar a figura de um pai ausente, violento, desatento; encontrar outras referências masculinas e até mesmo ser o seu próprio exemplo”, diz Bueno.

Victor destaca que outro ponto de atenção é não fazer dessa paternidade ativa uma bandeira meritocrática ou um selo de garantia como pai celebridade. “Os holofotes continuam virados para os homens, no mesmo modelo de pensamento machista, e essa paternidade pode ser apenas mais uma expressão disso. Por isso, temos que ter cuidado e sempre voltar ao que se importa: igualdade de gênero e homens cuidadores”, conta.

Não faltam ferramentas para aprender mais sobre paternidade ativa. “Filmes, livros, minisséries, documentários, entrevistas, palestras e até bloco de carnaval. A forma mais criativa transformadora é a roda de conversa, onde todos falam, de igual para igual, trocando experiências permitidas mediante a cumplicidade da roda”, afirma Farat.

Victor e Rodrigo contam que grupos de apoios na rede são fundamentais para colaborar com esse movimento. O Paternando, no WhatsApp e no Facebook, é um grupo de apoio à paternidade ativa que traz discussões desde promoções de fraldas no supermercado até receitas de comida para crianças, tudo que está no universo crianças e bebês. Outra iniciativa é o podcast Balaio de Pais, um grupo de pais que se reúne e grava episódios com temas específicos da paternidade.

Para saber mais sobre paternidade ativa nas empresas, entre no Banco de Práticas do Movimento Mulher 360 e conheça a iniciativa da Avon Workshops e pesquisas destacam papel do homem na equidade de gênero.

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